Gerenciamento de Cores

É inegável que os tempos modernos da fotografia trouxeram uma agilidade enorme além de uma globalização de todo processo fotográfico. No entanto, novos desafios foram criados, o desafio da mudança do processo para os “antigos” fotógrafos e o desafio da inserção para os “novos”.

A equalização de cores durante todo o processo, desde a câmera fotográfica até a impressão final, sem dúvida faz parte desta adaptação. A chamada calibração do equipamento quanto as cores.

E neste longo porém “rápido” percurso, a imagem pode passar por diversas fontes diferentes de interpretação de cores, como por exemplo os diferentes tipos de câmeras, scanner, projetor, monitor e impressora de diversos tipos.

Do dark room para o “Lightroom”.

Este é um tema ainda pouco notório dentre os profissionais e amadores avançados da fotografia brasileira. Fico feliz por cada vez mais receber perguntas sobre este tema, isto nos mostra a “profissionalização” de nossos profissionais e a crescente entre os amadores apaixonados pela fotografia. Foi assim que surgiu a idéia deste post.

Quantas vezes não abrimos o mesmo arquivo porem em diferentes computadores e vemos uma imagem completamente diferente uma da outra? Corrigimos uma foto no computador de casa e ao imprimir vem a surpresa, aquele lindo vermelho do carro esportivo se tornou um laranja no papel.

Profissionalmente falando isto fica ainda mais sério, ao fotografar produtos, as impressões precisam ter suas cores idênticas ao produto original, esta idéia é aplicada a praticamente todos os ramos da fotografia.

São estas questões e é nesta importância que a calibração ocupa seu espaço dentro deste universo.

Para este post, iremos considerar as etapas que seguem após a realização da imagem, não iremos citar os cuidados com os equipamentos utilizados na hora de fotografar (calibragem da câmera, correta escolha das luzes artificiais e gel para correção e controle da temperatura da luz, até mesmo o próprio controle da temperatura de luz no ambiente) e nem os cuidados na hora de importar os arquivos.

Existe uma longa busca para uma adequada calibração do seu sistema e esta busca começa muito antes do próprio monitor ou calibrador.

Para isto vamos estabelecer a nossa primeira regra sobre este assunto: interferências em seu ambiente de trabalho.

Quais os tipos de luminárias e lâmpadas que existem neste local, há iluminação natural? quais as cores das paredes atrás do seu monitor, há em sua mesa algum objeto que possa interferir na leitura do seu monitor?

Apesar de parecerem tolos, todos estes detalhes são importantíssimos no momento de se trabalhar com uma imagem.

Você poderia me perguntar: “Se a parede da minha casa for rosa, ou branca, ou azul… isto afetará a cor do meu monitor?

A resposta é NÃO, as cores do seu monitor não se alteram devido a pintura das paredes, porém, a forma com que o seu cérebro as vê muda conforme o meio em que você esta.

A sua percepção da cor laranja por exemplo, irá diferir quando ela estiver rodeada por diversas cores escuras no tom pastel ou claras em tom vívido. ou então sob diferentes tipos de luzes (fluorescente, halógenas etc)

Por isto nossa primeira regra é sempre deixar sua mesa de trabalho livre de “intereferências”, utilizar uma cor neutra no ambiente, e se possível, no momento de acertar as cores de uma fotografia, deixar as luzes apagadas e janelas fechadas.

Se você não pode trabalhar em um ambiente mais escuro, mesmo que seja somente pelo tempo de acertar as cores da imagem, existem lâmpadas especiais com temperatura fixa em 5.000 K e que por suas propriedades especificas, são capazes de reproduzir uma grande gama de cores, estas lâmpadas são ideais e as mais indicadas para um laboratório digital.

Ajustado estes pequenos detalhes, vamos para a nossa segunda regra. A escolha do monitor.

Esta escolha pode doer um pouco no seu bolso.

Quando o assunto é representação adequada das cores, a escolha do equipamento é extremamente importante. Os valores de um bom monitor para fotografia vem caindo bastante nestes últimos anos além de novas opções estarem sempre surgindo no mercado.

O que difere um monitor de outro é BASICAMENTE o tipo de tela que utilizam, em monitores comuns temos o LCD, LED, talvez plasma (geralmente em telas muito grandes), já quando falamos de monitores para trabalhos gráficos, estamos falando de um monitor que utiliza um painel chamado de IPS que proporciona maior angulo de visão do conteúdo da tela, sem nenhum tipo de distorção em nenhum aspecto.

Mas as diferenças entre monitores não acaba por aí, monitores profissionais tem uma maior capacidade de reprodução  das diferentes cores, além do citado maior ângulo de visão sem distorção de tons ou brilho/ contraste, e ainda oferecem uma leitura de cores e intensidades de luz idênticas por toda a tela.

Surgem neste ponto duas perguntas:

“Sou profissional e não tenho um monitor adequado, o que devo fazer?”

– Compre um HOJE!!!!

Se você quer trabalhar profissionalmente com fotografia, seja ela de casamento, produtos, eventos etc…. você definitivamente precisa de um monitor adequado.

“Não tenho condições financeiras no momento ou ainda não possuo este monitor, ainda assim devo calibrar?

-Sempre!!!

É melhor ter um monitor comum calibrado do que não ser calibrado de forma alguma.

Mesmo no caso dos notebooks que geralmente possuem uma tela ainda mais ineficiente é extremamente importante a calibração.

Chegamos então ao terceiro passo e ele consiste em dizer ao nosso computador como interpretar determinados códigos numéricos representativos das cores. E para nos ajudar neste processo utilizaremos o chamado Espectofotômetro ou então um Colorimetro.

Em geral e de forma muito simplificada o espectofotômetro é um aparelho mais complexo, mais acurado e permiti que você leia a luz de qualquer fonte, seja ela uma tela de monitor, projeção ou papel.

Os colorimetros são menos complexos e mais limitados.

Ambos irão calibrar seu monitor, pessoalmente sugiro um “conjunto de calibração” que possua o espectofotômetro ao invés de um colorimetro.

“E o que este aparelho faz?”

Bem, quando você compra um calibrador, você esta adquirindo um pacote de produtos, software, espectofotômetro, palettes de cor e etc.

Existem várias marcas disponíveis no mercado, e são estas marcas e modelos que definem o que esta ou não incluso neste pacote.

Basicamente você irá instalar um software em seu computador, que o guiará pelo processo de calibração, permitindo a você escolher a luminosidade da tela, temperatura de trabalho, e ajuste de cores.

O espectofotômetro posicionado em frente a sua tela, faz todas as leituras necessárias (brilho, contraste, cores etc) e através do software instalado é criado um novo arquivo “ .icc”, que nós comumente chamamos de perfil de cor ou perfil ICC.

Um vez salvo este novo perfil em sua lista, seu computador automaticamente utiliza este “perfil de cor” para definir as cores que aparecerão em sua tela.

Pronto!!! O seu monitor já esta calibrado e todo este processo demorou por volta de 15 ou 20 minutos.

A partir do ponto aonde nos encontramos agora, podemos seguir por dois caminhos distintos, um é o de poder exigir do seu laboratório fotográfico algum controle sobre o seu material impresso (uma briga sem fim), o outro é você imprimir o seu próprio trabalho.

Para calibrar a impressora, é necessário que o “pacote de calibração” que você comprou lá atrás, possua esta opção. São detalhes como este que baseiam e definem o preço do conjunto que está comprando.

“E como funciona a calibração de uma impressora?”

A leitura das cores pode ser gerada de duas maneiras, uma é fazendo a leitura de um palette de cores que acompanhou o produto que você comprou e que servirá como guia, a outra é o software já instalado gerar um arquivo (imagem) para ser impresso (pequenos quadrados coloridos chamados de patches, palette).

Após a impressão, com o seu espectofotômetro mede-se as cores no papel. O software então vê a intensidade das cores medidas e compara com a intensidade das cores da tela, criando um novo perfil de impressão, desta forma, ao mandar imprimir um arquivo novamente, o computador irá dizer para a impressora que para conseguir  um determinado tom de vermelho, é necessário utilizar uma quantidade maior ou menor de magenta e/ou amarelo por exemplo.

Como resultado você terá imagens na tela e no papel idênticas.

Lembre-se, para que você possa ver a exata cor impressa no papel, é necessário que você esteja em um ambiente com luz adequada (já falamos sobre isto anteriormente, As lâmpadas de 5.000K e as possíveis interferências etc). Uma boa mesa de luz é a solução ideal para conferir seus impressos.

Calibrar todo seu equipamento é indispensável a todo e qualquer fotógrafo profissional ou amador avançado.

Faz parte do nosso trabalho como fotógrafo, cuidarmos do processo de “revelação” com a mesma dedicação e carinho que desprendemos no processo de enquadramento ou de iluminação.

A fotografia ficou “maior” com a era digital, as variáveis aumentaram exponencialmente, apesar de uma aparente simplicidade, a verdade é que temos cada vez mais um sistema que necessita de uma atualização constante por parte dos profissionais atuantes.

Alguns clientes e fotógrafos mais desatualizados ou desinteressados, menosprezam partes do processo da fotografia digital moderna. Esta atitude é sem dúvida um erro!

Obs: Algumas marcas de computadores fazem uma pré-calibração (ou calibração), isto na verdade sugere que todas as máquinas produzidas por tal empresa estão sujeitas a um parâmetro de cores determinado, este padrão muitas vezes, visa deixar a tela mais atrativa (chamativa) ao consumidor final, esta calibração em nada ajuda a nós fotógrafos, seus objetivos são apenas “cosméticos”.

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